quinta-feira, 10 de maio de 2012

Hausto

Nada se desfaz meio às lembranças
Nossos tempos de criança,
Roupas brancas nos varais

Nada se desfaz calor e corpo
Em minha mente o mesmo rosto
Dos retratos matinais

Nada me destrai: mulheres, bandas,
os cachorros, festas, danças,
Nos livros, capas iguais

Nada me destrai: mentiras, fatos,
Se não posso ter teu tato
O que enfim me trará paz?

Eu só quero saber o que faço com o café
Que você fazia todo dia de manhã
Na memória,
como prendia o cabelo,
teu olhar em labaredos,
cheiro fresco de maçãs

Não há nada a se fazer
Meu corpo segue de pé
Então ponho um sorriso fosco em rosto
Na labuta, o mesmo gosto
De um cretino Nescafé

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